O transporte de mercadorias é um dos setores mais afetados pela guerra na Ucrânia. Neste momento, torna-se portanto relevante analisar as consequências diretas de um conflito bélico na cadeia logística, particularmente quando está envolvido um país com relações comerciais com muitos membros da União Europeia.
REDUÇÃO DO TRANSPORTE DE MERCADORIAS
A logística na Ucrânia mudou radicalmente e os camiões disponíveis para o transporte de mercadoria reduziram consideravelmente. Entrar ou sair do país ucraniano é manifestamente difícil, sendo que, evidentemente, a grande maioria de viagens tem como objetivo a ajuda humanitária: 90%.
Os restantes 10% referem-se, simplesmente, ao abastecimento dos supermercados ucranianos em bem de primeira necessidade. Na fronteira com a Polónia, os guardas fronteiriços apenas veem camiões vazios de regresso da Ucrânia, um dramático contraste com o que antes se verificava, num país que era um dos principais exportadores de óleo de girassol. Carne de frango, milho e outros cereais, são algumas das outras especialidades do comércio ucraniano.
Pela sua dimensão e quantidades, esta quebra na cadeia de abastecimento impacta não só os negócios ucranianos, como também abala substancialmente a economia europeia. A subida do preço dos cereais, matéria prima para imensos produtos, alterará o preço de produtos tão habituais no quotidiano, como pão, biscoitos, cerveja, mas também o desequilíbrio no óleo de girassol, tão utilizado na produção de maionese ou champô, impactará os consumidores. De notar, ainda, os menos de 20 mil veículos que saíram da Ucrânia em direção à Polónia. A paralisação do tráfego é evidente, com o cuidado e movimentação exigidos pelos refugiados.
OUTRAS CONSEQUÊNCIAS
Para além da quebra da cadeia de abastecimento – quer pelos problemas de fornecimento, quer pelas limitações logísticas –, outros fatores estão já a causar graves problemas nos transportes e, consequentemente, no cenário económico. Por um lado, temos a subida de apólices de seguro em mais de 10%, uma despesa que transportadores têm de enfrentar e que são ainda mais flagrantes neste contexto; por outro, temos a subida constante dos preços de combustível. Ora, esta situação tem ramificações em toda a atividade económica e obriga a alterações na cadeia de abastecimento, seja, por exemplo, pela gestão de fornecedores – considerando alternativas –, ou pela reconsideração de matéria prima.