A invasão Russa à Ucrânia transformou o comércio de toda a região, também com implicações no transporte mundial. O bloqueio do transporte de mercadorias da Ucrânia interfere no abastecimento de centenas de produtos cujas rotas passam pelo Mar Negro têm uma escala no Porto de Odessa. Cereais, fruta e outros bens alimentares têm de encontrar novos caminhos desde a sua origem na Moldávia, Rússia, Ucrânia, Roménia ou Bulgária. Quais as consequências deste panorama no transporte e na logística? Quais as alternativas?
Os novos desafios do transporte de mercadorias na Ucrânia
Também conhecida como a pérola do Mar Negro, Odessa tem nas suas costas um ponto nevrálgico do comércio global. Deve-se à sua posição estratégica como ponto de encontro entre os ditos ocidente e oriente, apresentando também outras valências como:
- Um dos maiores portos do Mar Negro, com uma capacidade de trânsito de cerca de 40 milhões de toneladas. Destas, cerca de 25 milhões eram de petróleo e gás liquefeito.
- Cerca de onze empresas operavam como estivadoras no porto, 30 enquanto empresas de logística.
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- Antes da guerra, a Ucrânia exportava 48,5 milhões de toneladas de cereais (trigo, milho, cevada), a maior parte a partir de Odessa. Depois do início da guerra, este negócio caiu 46%.
Que se está a fazer para mitigar os efeitos da invasão da Ucrânia no comércio?
A procura por acordos multilaterais não se fez esperar. O mais importante: Iniciativa Grãos do Mar Negro, com o objetivo de desbloquear o trânsito a partir do Porto de Odessa, para satisfazer a procura pelos cereais ucranianos.
A situação atual é, neste momento, estável, ainda que desacelerada. O foco do conflito deslocou-se para outras regiões, e, claro, a defesa ucraniana tem este local em conta. Os esforços têm um objetivo importantíssimo, em primeira instância: evitar fome.
- A 25 de abril teve o primeiro encontro entre o presidente turco e o secretário geral das Nações Unidas.
- A 22 de julho, depois de imensa negociação, foi firmado o primeiro acordo.
- Um dia depois, reportou-se um ataque russo no Porto de Odessa. As companhias de seguros mostraram alguma hesitação perante os navios que de lá partissem, sendo que a administração facilitou este processo; sem seguros, não haveria saídas de navios.
- A 1 de agosto sai o primeiro barco carregado com rumo ao Líbano. Fretado pelas Nações Unidas, viria a atracar num dos locais mais necessitados: o Médio Oriente. De lá, poderia ser distribuído para África.
- O acordo total abarcava a exportação de cinco milhões de toneladas mensais de grão. Os principais destinos seriam a Turquia e todo o Mediterrâneo oriental.
A curto prazo, os objetivos estão cobertos e transporte de mercadorias na Ucrânia vai resistindo, apesar da invasão. No entanto, até uma resolução das hostilidades, nada é certo.